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Piraju libertou seus escravos antes da Lei Áurea.

(por Olivier Viana)

O dia 15 de janeiro é uma data histórica para Piraju e merece ser lembrada.
Nesse dia do ano de 1888, quatro meses antes da Lei Áurea (13 de maio), a Câmara local decretou a abolição da escravatura no município. Acatou proposta do vereador Benedicto da Silveira Camargo, pai do ex-prefeito Joaquim Ottoni da Silveira Camargo, “Quinzinho Camargo.

 

Para ser aprovada, precisou do voto de desempate do presidente da Casa, evidenciando tratar-se de assunto bastante polêmico. Uma comissão composta dos vereadores Major Mariano Leonel Ferreira, Tenente Coronel Gustavo Pinheiro de Mello e Dautro José Teixeira Machado ficou encarregada de
fiscalizar o cumprimento do decreto.
Ao fazer a proposta, Benedicto Camargo salientou tratar-se de “ideia predominante no País”, o “diminuto número de escravos existentes no município” e que tal fato muito viria “honrar a municipalidade”.
Decorridos 134 anos, a data, que já se cogitou fosse incluída no calendário de comemorações cívicas do município, é pouco lembrada. A maioria dos pirajuenses, mesmo os representantes da raça negra, desconhece ou pouco valoriza seu importante significado.
O decreto de 15/01/1888 revela outro aspecto, também esquecido e não menos importante: a preocupação de seus vereadores com temas de real importância para a comunidade e mesmo para o país. Isso, certamente, contribuiu para a posição de destaque que Piraju ocupava no cenário político e econômico da Nação.
Segundo um morador, “resta-nos um consolo, o racismo aqui quase não é sentido, talvez pela consideração que essa parcela de nossa comunidade merece desde aquela época. Maria do Pito, Fernete, Sebastião Procópio, Chupeta e tantos outros, que são lembrados com saudades”.
Já o centenário e popular “João Gato” (João Vitor de Castro) mereceu homenagem póstuma ao ser retratado pela artista plástica pirajuense Diva do Val Golfieri, que o fez como “homenagem à raça, através de uma pessoa humilde, mas muito honrada e muito trabalhadora”. O quadro foi doado à Câmara Municipal.

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